sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Um pouco de matemática na educação infantil


Maria Inês Barreto Netto
“A escola enche o menino de matemática,
de geografia, de linguagem, sem, via de regra,
fazê-lo através da poesia da matemática,
da geografia, da linguagem.”
Carlos Drummond de Andrade

Quantos meninos e quantas meninas vieram hoje? Quem faltou? Então, quantos alunos não vieram hoje? De qual material vamos precisar para fazer a atividade? De quantos palitos o grupo vai precisar para jogar o bingo dos nomes? São perguntas que sempre fazemos e são problemas que as crianças resolvem todos os dias.

Outro bom problema para a criança resolver, desde o primeiro período, é quando ela tem que distribuir o material de trabalho – as folhas A4 e o desenho mimeografado, por exemplo – para os colegas de grupo. As estratégias vão do levar uma folha de cada vez até à correspondência um a um pela contagem das crianças e do material.
Ou, ainda, contar e registrar as coleções de figuras, de símbolos, de rótulos e de embalagens. As crianças, em pequenos grupos, discutem o modo de realizar a análise quantitativa das coleções. O registro das quantidades – a escrita – vai variar, portanto, segundos os critérios e as hipóteses de cada grupo para resolver os problemas. É a consolidação interna de uma estratégia que permitirá à criança ir reduzindo a quantidade de ações – operações mentais – que ela desenvolve para resolver o problema.

Quais as crianças que já fizeram o desenho mimeografado? Quais os desenhos que já foram trabalhados por toda a turma? E os que ainda serão feitos? Em cada mês, quantos foram os dias com sol, com nuvens ou nos quais choveu? São situações que podem ser resumidas em quadros de dupla entrada, nos quais a escrita e a leitura têm uma função e um modo específicos: palavras e numerais expressam um raciocínio e uma lógica diferentes de um texto em prosa, por exemplo.

O pequeno, o grande, o maior, o menor, em baixo, em cima, do lado, perto, longe... São relações que as crianças estabelecem entre objetos muito antes da pré-escola. E nela o horizonte infantil se alarga: dependendo do ponto de referência, a relação que se estabelece é outra. Assim, tudo pode e deve ser comparado, analisado, medido e registrado. O “eu sou mais grande”, que logo aparece na pré-escola, leva a professora a medir a altura dos alunos, às vezes, usando os dedos para indicar a diferença entre as crianças. A partir daí, então, podemos medir a mesa, o quadro, o chão da sala, a folha de papel... usando a mão da criança, a mão da professora, usando objetos grandes para medir coisas grandes, objetos pequenos para as pequenas... As crianças maiores vão registrando também os resultados das medições e contando para os outros grupos. Logo fica criada a necessidade do uso de um objeto único como instrumento dessa mensuração. Coletivamente, decidem o que usar para quantificar e comunicar o tamanho das coisas e dos objetos.